sábado, 26 de abril de 2014

Uma pena para U.

dar-lhes o gosto da ausência
nosso afeto aumenta













nesse dia imaginei
e desimaginei
desenganado
,e instantaneamente
brotavam gotas do céu
deslizando a atmosfera invernal da preparação de maio
caindo
sobre o rio
já suficientemente molhado

desengano
pois nada sei desse rio
desértico
...abraçado na presença dessa rocha negra

será que devo abandonar
o ímpeto taurino
de obstinadamente procurar?
devo parar de procurar.

então me parece, U., que
concreto, íntegro,
virá a meu encontro
o vento fértil.
...pois já lancei meu grito ao vento
impronunciáveis vezes
e só recebo poeira fina
que me pareceu ouro
na tarde antiga do abril tardio
entrando nos meus olhos.



e minhas frutas repousam e
se decompõem nos canteiros sem serem colhidas pelo ouro do vento
pelas mãos delicadas que aparecem nas pinturas
penduradas no futuro
,nas paredes do futuro, J.

essa rocha ainda não se cansa de lembrar
a rocha negra que ilumina a horta notura

Um comentário:

  1. .... que lindo amigo. assim são os desejos do desenhista que sente as coisas, bem na face!! Um grande abraço, U.

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