segunda-feira, 14 de abril de 2014

nosso amigo foi-se aos poucos
para tornar-se poeira das estrelas
…traçou um plano por anos
silenciosamente-secreto
para transparente e leve
ir-se junto à torrente.
nos preparou, em segredo,
ao seu sumiço;
acostumou-nos à sua ausência
eou à sua presença rarefeita;
tornou-se suave
aos poucos
e lentamente sorriu solene
enquanto nos observava
ficar.
mofar.
dormir.
falou-nos baixo no pé dos ouvidos (a vida pôde nos cruzar nessa trança curiosa da vida
e fomos o que somos, até hoje)
nós, gratos, nos amamos sem apego
conservamos sem a carne
amor carnal e intenso.
e nem percebi,
quando já há ano,
não nos falávamos,
não sabíamos do paradeiro
do nosso raro amigo.
só hoje ao deitar-me
pude ver a linda renda
trançada com sua mão de ouro
nas curvas do tempo.
só hoje vi o tamanho do seu amor,
presente em tudo.
ausente em tudo.
só hoje notei
a sua presença em todo instante, latente,
somente hoje
notei
que ele nunca existiu.

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