segunda-feira, 26 de setembro de 2011

poema de um perdido

Ah, aquelas pernas...
se não fosse por elas! mas,
acho que nunca vou ter aquelas pernas entre as minhas mãos.
mesmo que minhas mãos sejam fortes
mesmo que as pernas estejam fracas
mesmo que eu trate de me cuidar
e bole alguma espécie de plano...

ah, aquelas pernas!
cruzadas daquela forma lembram um bosque
lembram uma árvore monumental
que cresce se contorcendo
virando os seios na minha direção.
Ter aquelas pernas
que responsabilidade
que fardo.
aquelas pernas são quase um país,
só imagine
ser uma presidente ou um rei
das tuas pernas,
ter de manusear
controlar
administrar...não! não...

prefiro ser um transeunte
que ao largo de uma avenida
avista uma árvore num bosque
e passeia entre as pernas
como um ninguém,
observando
abraçando
beijando
num segundo entre 500 anos de vida
dum monumento orgânico
no meio da noite
no meio da dor
de não te-las,
como outro já tinha ...

desde o século dezenove
há  mais grave dor
do que a minha?

creio que sim...

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