lindo esse poema
que falava sobre um lindo poema
que falava sobre uma baleia
vários barcos percorrem o mar
as chuvas forçam o capitão a se molhar
as chuvas forçam o barco
a mudar a direção de seu arco
um barco cái num abismo sem fim
ei um grito se ouve e nada se entende
o grito foi a medida do abismo
várias baleias atraem os barcos pesqueiros
mas nos mares do oeste há - dizem marinheiros -
uma baleia em especial que a todos interessa
querem pegá-la, deram-lhe um nome
ei gritou-se ei se fala
um barco é sempre incerto no seu caminho
este foi o chamado
escreveram sobre essa baleia especial
que era uma lenda, pois sua cor era a mesma do mar
e era lamentável a baleia ter se entregado em 1510
a um pirata louco que navegava distraído
domingo, 5 de dezembro de 2010
domingo, 28 de novembro de 2010
as sombras são flores I
o fio finíssimo, um ilícito sinal
estranho. Se rompeu, desabrochou
uma flor, morreu
mais um, só que dessa vez foi
perto de mim.
Agora nós vagamos
numa inércia
um córrego de angústia. Nós
vemos como é frágil esse
fio. Entrecortado agora jogado
neste córrego
de aus^ncia
...uma luz fraca e escura
estranho. Se rompeu, desabrochou
uma flor, morreu
mais um, só que dessa vez foi
perto de mim.
Agora nós vagamos
numa inércia
um córrego de angústia. Nós
vemos como é frágil esse
fio. Entrecortado agora jogado
neste córrego
de aus^ncia
...uma luz fraca e escura
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Claro em Noite II
Dois buracos
duas estrelas meio apagadas
dois infinitos
eu sou seu livro
me lê
mas me lê por inteiro
e lambe as letras
me possui - me têm
manda em mim
eu vou até onde aponta seu dedo
eu te sigo mesmo em morte
desce rasgando o beijo
que entope minha garganta
eu te obedeço até acabar
o mundo
por um segundo
Dois buracos
duas estrelas meio apagadas
dois infinitos
duas estrelas meio apagadas
dois infinitos
eu sou seu livro
me lê
mas me lê por inteiro
e lambe as letras
me possui - me têm
manda em mim
eu vou até onde aponta seu dedo
eu te sigo mesmo em morte
desce rasgando o beijo
que entope minha garganta
eu te obedeço até acabar
o mundo
por um segundo
Dois buracos
duas estrelas meio apagadas
dois infinitos
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Hermeto Pascoal - Som em Fala - Poesia!
Esse homem é divino. Já é hora de se fazer um estátua branca dele!
domingo, 24 de outubro de 2010
Fluído Obscuro
Lusco-fusco
Um pássaro chafurda
um corpo de sangue,
As folhas não existem.
Um sonho consome
-um sorriso-
o resto de nós;
Nós morremos.
Onde estão nossas formas?
e que dores nos aguardam?
As sombras da meia-luz
são as almas
que nos espantam de nós;
As sombras deslizam ferozes
porém, silenciosas -
As sombras são flores.
Parece que o lusco-fusco
é o sinal dessa trama;
o lusco-fusco é um rastro
do demônio que nos segue;
As folhas nos deixam a sós
As folhas ressitam seu chocalho
As folhas não nos acompanham
pois estão presas sob o preto
só há vento
parado
rangendo
angústia
de flores.
Um pássaro chafurda
um corpo de sangue,
As folhas não existem.
Um sonho consome
-um sorriso-
o resto de nós;
Nós morremos.
Onde estão nossas formas?
e que dores nos aguardam?
As sombras da meia-luz
são as almas
que nos espantam de nós;
As sombras deslizam ferozes
porém, silenciosas -
As sombras são flores.
Parece que o lusco-fusco
é o sinal dessa trama;
o lusco-fusco é um rastro
do demônio que nos segue;
As folhas nos deixam a sós
As folhas ressitam seu chocalho
As folhas não nos acompanham
pois estão presas sob o preto
só há vento
parado
rangendo
angústia
de flores.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Notas
um centro, um ponto
é o universo concêntrico
carrega em si tudo que é possível
e tudo que é impossível
pois percorre tudo sem saber o que é o tempo.
Esse ponto me puxa pois
puxa tudo que existe
e o que não existe
sem o cuidado de saber
se esses dois mundos não se anulam
Alguns homens confundem esse ponto
com a cama
com a mulher
com o sono
com o sonho
etc
Tanto faz
pois ele é tudo e não é tudo
é nada e não é nada
é um ponto e não é
por isso não existe.
tanto faz pensá-lo ou vê-lo
ele se perde
depois de morto
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Sinaleiras

Recordo pouco da vida marinha
que tive há bons anos...
Mesclava o mar ao choro
a solidão e grandeza vertiginosa do mar.
O mar foi sempre o canal para o mundo
mas eu vivia numa ilha
numa prisão de areia,
que eu insistia em amar.
Pois tudo era úmido
as cores me vinham através de um filtro verde
e os barcos se anunciavam como baleias;
Os sinos balançavam entre as águas
e o farol vigiava ao invés de localizar.
Minhas galochas nunca rasgaram
tal foi que o tempo parava
e recordar era literalmente
dar novamente a corda ao mar.
{Imagem ao topo: "O Lago" de Juan Jose Balzi}
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Ato Fálico
Querem-me morto!
Li num muro nu
Querem-me morto!
Agora sou refugiado
Me recuso a sair do meu casco
Hipnotizo os outros com minha espiral
Pois fiz algo de errado
Nasci
E li num muro pelado
que meu corpo
sem vida
paga todo um barco
e todo vasto dinheiro
não cobre todo grande gasto
que causo
com tal Ato desconhecido
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
O Sol Descontente
Mire estas construções
Estes Palácios, estas Torres.
Mire este leve tocar da voz
como passos de um sapato
num chão de madeira polida.
Este todo espetáculo
O cerne vernáculo, intacto
Inexistente
Vaga fantasmagoricamente
junto ao eco da voz destes sapatos.
E os fazedores disto! ah!
Os atores! são espíritos
envoltos por nada,
senão ar. Fino ar.
São folhas secas despencando solitárias.
Este todo tácito fruir
e triste e horrendo
O verme pródigo deste eco retumbante
Vaga, crestado ou congelado
junto à sola de um velho sapato.
Mire estas construções
Estes Palácios, estas Torres.
Mire este leve tocar da voz
como passos de um sapato
num chão de madeira polida.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Sonhar é Melhor do Que Viver
..........................à cima
de baixo.
e estava eu, ele, o outro, e a outra, todos cegos
à tarde entregues
numa casa circular, numa oca; numa cúpula
andando e rindo de olhos cerradíssimos
parecia estarmos lá de novo
vivendo terna lembrança, uma lembrança quente - Mas isso foi outra coisa.
dessa vez eu estava/não estava - discussão complexa -
atravessando a rua ou andando de ônibus
sempre com eles
e estava/não estava vendo o céu rajante em violeta
ou as terras cores que via nas pessoas,
vivia numa inércia deliciosamente confortável .
Eu dizia: "Mas que casa linda!"
Todos riam! eu também.
Pode ser que fosse uma tarde boa como essas
cheias de mulheres que não voltam
e cores e luzes que não voltam
mas voltam em outras tardes ou chuvas.
domingo, 15 de agosto de 2010
Meu Deus É
meu deus é um sistema de eliminação
de sistemas que causam problemas.
meu deus salta aos meus olhos
quando esses sistemas aparecem em
medo
desejo
sofrimento
....dor
eu deposito meu fardo sobre meu deus
dizem que meu deus me abandonou
não
meu deus está aqui quando eu preciso.
enquanto não preciso ele espera
ou nem existe
meu deus é meu escravo
meu burro de carga
sábado, 31 de julho de 2010
fraco
voltando do paradeiro
do homem que me ensinou
a comer, dormir, viver
vi que mais se viaja
por mudança de espírito
que por mudança de clima.
salve este homem!
claro que sofro do mal
do homem que me ensinou
a comer, viver, dormir:
mal da gula e fome.
mas talvez seja desde sempre
deste momento somente.
salve este homem!
embrenhar-se no mato
exercício burguês
minha herança bendita
por enquanto ainda
veja que anda devagar
o pulso leve do mato.
salve este homem!
quarta-feira, 30 de junho de 2010
segunda-feira, 28 de junho de 2010
terça-feira, 22 de junho de 2010
Dor-Calor

Que tristeza...tristeza terna.
caem, quentes
aos poucos
uns soluços...convenientes.
Juro, como lusitano
que esta ausência quase palpável
me é necessária
como a lágrima
que move um barco triste.
Não sou eu...só finjo.
A tristeza é de muitos outros
a tempos requentada num forno
no inverno.
Me soa este violoncelo
do vizinho grego,
ele também emana essa dor: matéria de poesia.
Que tristeza...radiante.
caem, quentes
aos poucos
uns soluços...convenientes.
Juro, como lusitano
que esta ausência quase palpável
me é necessária
como a lágrima
que move um barco triste.
Não sou eu...só finjo.
A tristeza é de muitos outros
a tempos requentada num forno
no inverno.
Me soa este violoncelo
do vizinho grego,
ele também emana essa dor: matéria de poesia.
Que tristeza...radiante.
{Imagem do topo: "Matrimônio" de Juan José Balzi}
domingo, 13 de junho de 2010
O Homem Superlativo

Conheci a estes dias um homem interessantíssimo.
Apenas não se chama "Íssimo"
pois a mãe não poderia lhe adivinhar o destino.
Explico-me:
É um homem exagerado em todas suas proporções:
Na face, no corpo, na fala e no espírto;
Veste, pois, roupas extravagantes e finíssimas,
Fala como canta um cantor de Ópera
E tem sempre as sombrancelhas em níves diferentes, mas de acordo.
Que homem curiosíssimo!
Vive fora de seu tempo;
É um homem a cavalo em meio ao trânsito de carros.
Se tortura por seu modo de viver;
Em parte, o suícidio social já foi-lhe total.
Que homem ilustríssimo!
Tem consciência de ser um pavão a caminhar na rua, o que é curioso
Tal que é um pavão cinza nos dias supra-coloridos de hoje.
Sabe-se também um ovo sem gema nem clara,
Ainda que a casca enfeitada seja dura qual aço.
Que homem raríssimo!
O prazer de conhece-lo foi-me imensurável,
Ainda que tal homem, a este jeito, nunca tenha existido.
Ficará a vagar em si mesmo até mutar-se em uma bola de poeira,
Saberá este homem ao fim da vida que sempre foi triste...
Que homem tolíssimo!
{Imagem do topo: "Horus" de Juan José Balzi}
quarta-feira, 9 de junho de 2010
A Arte dus Cupim
terça-feira, 8 de junho de 2010
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Pensamento de Um Cachorro que Corre Gerando Energia Sem Saber de Tal - 1
Ó Bife:
peço te digo que amo-te tanto
quero-te tusso traço caminho
torto te mordo sonhando com ti
prata tratada teu brilho tão grande
truque tão belo teu osso trituro
te quero no entanto está longe daqui
te alcanço não posso se pego ó Bife
te capo se corro? mas corro pois sim!
troto tropeço levanto nem vejo
te quero te alcanço te sonho aqui
se corro te ganho? mas corro pois sim!
peço te digo que amo-te tanto
quero-te tusso traço caminho
torto te mordo sonhando com ti
prata tratada teu brilho tão grande
truque tão belo teu osso trituro
te quero no entanto está longe daqui
te alcanço não posso se pego ó Bife
te capo se corro? mas corro pois sim!
troto tropeço levanto nem vejo
te quero te alcanço te sonho aqui
se corro te ganho? mas corro pois sim!
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Versos Colados de Dores
sofre sua dor singela
mas sofre passo-a-passo
santa dor ilícita de amar
sente sua dor solene
mas sofre lentamente
santa dor tão quente
sorve devagar a trégua
líquido branco fosco
santa dor dormente
surta a dor demente frente
à dor santa e quanta
dor se junta em cacos
mas sofre passo-a-passo
santa dor ilícita de amar
sente sua dor solene
mas sofre lentamente
santa dor tão quente
sorve devagar a trégua
líquido branco fosco
santa dor dormente
surta a dor demente frente
à dor santa e quanta
dor se junta em cacos
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Pagamento
Caminho à floresta, calculando meus erros e acertos.
Caminho à floresta ao meu gosto, enquanto sozinho posso fantasiar.
Me aparece de repente o mesmo velho que aparece aos homens a séculos.
Um velho eterno...não!
Percebo estar sonhando novamente....e com este velho.
Mas vejo agora que sua feição é mais afeminada.
reparo aos poucos que se trata do mesmo velho em forma de velha.
Pela primeira vez olho em teu rosto:
- Por quê me atormenta novamente, senhora?
- Vivo ao teu lado a séculos, não te lembra? - me diz, seca, a velha.
- Pois sim.Que me importa, se me quer morto? - indaguei-a
- Não te quero morto, ora! - vociferou a velha indignada - Ora rapaz! Quem te fez morto foi você a você mesmo! Fora decisão tua morrer.
- Mas digo pois que foi a senhora que me suicidou!
- Não diga bobagens rapaz! Veja! foi você, se por ventura o fiz, que me obrigou a tal!
- Mas digo pois que foi mesmo a senhora que se obrigou a tal; estava claro o prelúdio desta boba desgraça! esta boba desgraça que chama a senhora de morte!
- Chamo de morte pois convém ao meu coração, covém aos meus ouvidos, à minha boca; pois é sincero.
- Chama de morte como chamo-te de velha.
- Isto!
- Mas digo pois que não é velha.
- Como?! Não vê minhas rugas?
Não vê minha corcunda?
Não vê meus olhos de velha?
- Ora vovó, está claro que é tudo falso, pois tudo isto é macabro!
- Mas pois! Qual! Agora entendo! - a velha gritava entre gralhas e gargalhadas - Agora entendo! Me julga uma Rainha fantasiada de Velha!
- Não, ó imbecil! te julgo criança de rugas!- disse-lhe entre meus sorrisos.
- Criança fora o homem que suicidou-se por covardia!
- Criança fora o homem velho, que deixa este demônio ocupar-lhe o corpo!
- Mas se atreve a tal! Vê-se o rapaz chamando uma velha tão digna de demônio!
- Não chamo a velha de demônio; tal chamo este fogo deslumbrado que não espera! O fogo que se exalta! Este fogo que queima qualquer calma!
- Como sabe tanto desta velha que não te importa nada?! Diga-me agora!
- Disse-me e pois disse-lhe: conhecemo-nos a séculos.
- Mas quê te importa?! Ora agora não diz nada!
- Digo-lhe estar cansado, apenas isto.
- Te cansas qualquer pequeno toque! um toquezinho no corpinho e já fique assustadíssimo!
- Digue mais ó velha! Exalta o demônio! Pode dizer quais as exigências...afastarei minha alma do corpo, se é o que quer.
- Não! - desatou a velha a chorar, derramar lágrimas brancas e viscosas por entre suas verrugas habitadas por pelos.
- Não tenho o que fazer, velha. Prefiro que passe o tempo e tranquilamente volte seu demônio à cama.
O CHORO CONFUNDE-SE AO RISO. A VELHA COMEÇA A GARGALHAR.
O CHORO É RISO; A LÁGRIMA É GOZO.
- É um covarde, rapaz! Estou viva! Urra!
- Pois bem, estou morto. Já disse-lhe; espero o demônio voltar-te à cama sua, ou então à cama de outro. Então sim, um homem que te mereça velha, que tenha um demônio equivalente ou suporte este que quase me matou.
- Exagera agora...
- Sim, exagero...mas segure seu demônio...
- Apenas digo-lhe rapaz, que te busco entre meus dedos; não creio à mim mesma como mostro sempre; te mato pois te sinto falta. Apenas espero no que me resta desta velhice.
Digo-lhe reparando a mudança em sua feição:
-Ó velha, teu rosto muda agora; volta a ser o velho sábio que era, feito homem que vira estátua.
Caminho à floresta ao meu gosto, enquanto sozinho posso fantasiar.
Me aparece de repente o mesmo velho que aparece aos homens a séculos.
Um velho eterno...não!
Percebo estar sonhando novamente....e com este velho.
Mas vejo agora que sua feição é mais afeminada.
reparo aos poucos que se trata do mesmo velho em forma de velha.
Pela primeira vez olho em teu rosto:
- Por quê me atormenta novamente, senhora?
- Vivo ao teu lado a séculos, não te lembra? - me diz, seca, a velha.
- Pois sim.Que me importa, se me quer morto? - indaguei-a
- Não te quero morto, ora! - vociferou a velha indignada - Ora rapaz! Quem te fez morto foi você a você mesmo! Fora decisão tua morrer.
- Mas digo pois que foi a senhora que me suicidou!
- Não diga bobagens rapaz! Veja! foi você, se por ventura o fiz, que me obrigou a tal!
- Mas digo pois que foi mesmo a senhora que se obrigou a tal; estava claro o prelúdio desta boba desgraça! esta boba desgraça que chama a senhora de morte!
- Chamo de morte pois convém ao meu coração, covém aos meus ouvidos, à minha boca; pois é sincero.
- Chama de morte como chamo-te de velha.
- Isto!
- Mas digo pois que não é velha.
- Como?! Não vê minhas rugas?
Não vê minha corcunda?
Não vê meus olhos de velha?
- Ora vovó, está claro que é tudo falso, pois tudo isto é macabro!
- Mas pois! Qual! Agora entendo! - a velha gritava entre gralhas e gargalhadas - Agora entendo! Me julga uma Rainha fantasiada de Velha!
- Não, ó imbecil! te julgo criança de rugas!- disse-lhe entre meus sorrisos.
- Criança fora o homem que suicidou-se por covardia!
- Criança fora o homem velho, que deixa este demônio ocupar-lhe o corpo!
- Mas se atreve a tal! Vê-se o rapaz chamando uma velha tão digna de demônio!
- Não chamo a velha de demônio; tal chamo este fogo deslumbrado que não espera! O fogo que se exalta! Este fogo que queima qualquer calma!
- Como sabe tanto desta velha que não te importa nada?! Diga-me agora!
- Disse-me e pois disse-lhe: conhecemo-nos a séculos.
- Mas quê te importa?! Ora agora não diz nada!
- Digo-lhe estar cansado, apenas isto.
- Te cansas qualquer pequeno toque! um toquezinho no corpinho e já fique assustadíssimo!
- Digue mais ó velha! Exalta o demônio! Pode dizer quais as exigências...afastarei minha alma do corpo, se é o que quer.
- Não! - desatou a velha a chorar, derramar lágrimas brancas e viscosas por entre suas verrugas habitadas por pelos.
- Não tenho o que fazer, velha. Prefiro que passe o tempo e tranquilamente volte seu demônio à cama.
O CHORO CONFUNDE-SE AO RISO. A VELHA COMEÇA A GARGALHAR.
O CHORO É RISO; A LÁGRIMA É GOZO.
- É um covarde, rapaz! Estou viva! Urra!
- Pois bem, estou morto. Já disse-lhe; espero o demônio voltar-te à cama sua, ou então à cama de outro. Então sim, um homem que te mereça velha, que tenha um demônio equivalente ou suporte este que quase me matou.
- Exagera agora...
- Sim, exagero...mas segure seu demônio...
- Apenas digo-lhe rapaz, que te busco entre meus dedos; não creio à mim mesma como mostro sempre; te mato pois te sinto falta. Apenas espero no que me resta desta velhice.
Digo-lhe reparando a mudança em sua feição:
-Ó velha, teu rosto muda agora; volta a ser o velho sábio que era, feito homem que vira estátua.
Ao inseto que sobrevoava meu nariz durante a noite
sonhei novamente com um velho.
me disse agora que posso dizer o segredo
pois o vento sopra a favor do nosso tempo.
Porém
o velho me dizia mais algumas palavras sábias:
não...........morra
mate-me...você
por ser......inútil
eu, velho...inútil!
me disse agora que posso dizer o segredo
pois o vento sopra a favor do nosso tempo.
Porém
o velho me dizia mais algumas palavras sábias:
não...........morra
mate-me...você
por ser......inútil
eu, velho...inútil!
quarta-feira, 19 de maio de 2010
meus dedos II
Observo a água
Vejo que sua superfície é uma grossa camada
por onde não passam peixes ou folhas.
Posso tocar com a ponta dos dedos
Essa gelatina grossa,
E vejo que na deformação das imagens que ela produz em seu interior
está a face de um tigre.
Não posso agora desvendar por que
mas o tigre é Marina.
Por que sonhei com Marina?
Por que me ocupo mesmo no meu tatear interior
de pensar nessa linha confusa?
No mesmo sonho um velho muito corcunda me grita
que acordarei
e Nada direi.
Grito agora
conforme mandou o velho.
Vejo que sua superfície é uma grossa camada
por onde não passam peixes ou folhas.
Posso tocar com a ponta dos dedos
Essa gelatina grossa,
E vejo que na deformação das imagens que ela produz em seu interior
está a face de um tigre.
Não posso agora desvendar por que
mas o tigre é Marina.
Por que sonhei com Marina?
Por que me ocupo mesmo no meu tatear interior
de pensar nessa linha confusa?
No mesmo sonho um velho muito corcunda me grita
que acordarei
e Nada direi.
Grito agora
conforme mandou o velho.
terça-feira, 11 de maio de 2010
Nada dirá
Sofre o demônio do segredo
o homem que tem aversão
a postar seu corpo do avesso.
O homem que me refiro é um, e não outro
só existe um deste no mundo.
Tem uma combinação de nomes única
nunca se viu e nunca se virá.
Por isso mesmo esconde algo.
Testa algumas vezes quem está à sua volta,
dá pistas, como esta.
Dá pistas de seu inocente segredo,
desculpe; ele o julga importantíssimo,
mas eu o digo menos,
é como destes segredos que não fazem diferença a ninguém.
Claro que não conto a exceção, seu alvo.
Este homem, veja, me contou seu segredo.
O que me disse o homem antes de contá-lo
direi também ao leitor pelo mesmo motivo:
Nada dirá
Nada dirá
Nada dirá
Nada dirá
Nada dirá
Nada dirá
Nada dirá
Nada dirá
Nada dirá
Nada dirá
Nada dirá
Onze vezes é o suficiente.
Segredou-me após isto.
Ou durante, talvez.
Não decifrei ainda este enigma
por mais óbvio que me pareça ser.
o homem que tem aversão
a postar seu corpo do avesso.
O homem que me refiro é um, e não outro
só existe um deste no mundo.
Tem uma combinação de nomes única
nunca se viu e nunca se virá.
Por isso mesmo esconde algo.
Testa algumas vezes quem está à sua volta,
dá pistas, como esta.
Dá pistas de seu inocente segredo,
desculpe; ele o julga importantíssimo,
mas eu o digo menos,
é como destes segredos que não fazem diferença a ninguém.
Claro que não conto a exceção, seu alvo.
Este homem, veja, me contou seu segredo.
O que me disse o homem antes de contá-lo
direi também ao leitor pelo mesmo motivo:
Nada dirá
Nada dirá
Nada dirá
Nada dirá
Nada dirá
Nada dirá
Nada dirá
Nada dirá
Nada dirá
Nada dirá
Nada dirá
Onze vezes é o suficiente.
Segredou-me após isto.
Ou durante, talvez.
Não decifrei ainda este enigma
por mais óbvio que me pareça ser.
sábado, 8 de maio de 2010
meus dedos
afago a terra...
terra de onda preta...meus dedos machucam a terra fazendo buracos
esqueci como não ser simples, mas ainda estou no transe
preciso disso...perdi minha nuvem depois de alguns copos
aquela nuvem que faz uma sombra na coroa
minhas mãos estão inúteis assim sujas
deixo minha cabeça ainda mais escura esfregando meu cabelo
a
.b...............m.a.s
..a...........i...........o
...i.x.o...c...............b.....sombra
..........a....................a
terra de onda preta...meus dedos machucam a terra fazendo buracos
esqueci como não ser simples, mas ainda estou no transe
preciso disso...perdi minha nuvem depois de alguns copos
aquela nuvem que faz uma sombra na coroa
minhas mãos estão inúteis assim sujas
deixo minha cabeça ainda mais escura esfregando meu cabelo
a
.b...............m.a.s
..a...........i...........o
...i.x.o...c...............b.....sombra
..........a....................a
sexta-feira, 5 de março de 2010
Todo Homem Curvou-se Diante do Encanto Lacrado
Todo homem curvou-se
diante do encanto lacrado
No entanto, escolheu (veremos!)
no Enquanto, instante eterno, eternamente nada fez.
a Ciência, a Presença e o Poder
totais
registram a impossibilidade de tal escolha
é sabido o Real e o Possível
é consciente, por exemplo,
a intervenção
o arrependimento
a dívida
o castigo
etc.
Mas,
para tal, fez-se um primeiro movimento?
não!
este tal já era sabido.
o pecado ou até mesmo a criação já eram sabidos
Àtrás e àdiante segue-se, não em linha, Algo
Por enquanto, ainda estamos a caminhar sem final
em cada instante dividido
pela Flecha ou por Aquiles.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
nova dor
digo devagar, assim de canto
espelho de encantamento
vislumbre de algum flerte
vértice de argumento
isso que é pra não conceder tão fácil
o dentro do dentro
imobilizo o tal argumento,
primeiro, ele me foge.
prendo num ando esse dentro,
que adianta? me foge de novo.
vou dizer num só tento:
vejo você sendo :
uma moeda -
de uma lado a face, o louvor que seduz, etc etc
de outro lado a criança que provoca decepção
(sou eu pra me decepcionar)
te jogo tanta esperança
tanta face errada, lacrada só em mim
que nada disso existe se não no toque
ou numa rara fala:
uma no sul
outra no norte
ultimamente ainda você me mata
sopra sua presença em qualquer canto
eu canso de te ver
e canso de tropeçar num degrau que não existe
acho que você não existe
existe só alguém vivendo
e eu que entorno o nome
e entorno esses seios
entorno esse rictos
entorno a falta dos gritos
e sua voz rouca.
por isso é tudo meu
até esgotarem meus entornos
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
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