domingo, 13 de junho de 2010

O Homem Superlativo



Conheci a estes dias um homem interessantíssimo.
Apenas não se chama "Íssimo"
pois a mãe não poderia lhe adivinhar o destino.

Explico-me:

É um homem exagerado em todas suas proporções:
Na face, no corpo, na fala e no espírto;
Veste, pois, roupas extravagantes e finíssimas,
Fala como canta um cantor de Ópera
E tem sempre as sombrancelhas em níves diferentes, mas de acordo.
Que homem curiosíssimo!

Vive fora de seu tempo;
É um homem a cavalo em meio ao trânsito de carros.
Se tortura por seu modo de viver;
Em parte, o suícidio social já foi-lhe total.
Que homem ilustríssimo!

Tem consciência de ser um pavão a caminhar na rua, o que é curioso
Tal que é um pavão cinza nos dias supra-coloridos de hoje.
Sabe-se também um ovo sem gema nem clara,
Ainda que a casca enfeitada seja dura qual aço.
Que homem raríssimo!

O prazer de conhece-lo foi-me imensurável,
Ainda que tal homem, a este jeito, nunca tenha existido.
Ficará a vagar em si mesmo até mutar-se em uma bola de poeira,
Saberá este homem ao fim da vida que sempre foi triste...
Que homem tolíssimo!

{Imagem do topo: "Horus" de Juan José Balzi}

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