me vejo vagueando
e me encontro entre dois lugares
me encontro em lugar nenhum.
uma voz me sussurra
"há cidade à frente?"
não há.
por que razão saí de minha cidade por uma mulher?
pressinto que morrerei no caminho
à alguém que desconheço.
o sacrifício já não toca os amantes,
e no meio de uma estrada constatei minha loucura.
como faço para tatear-te?
como posso te envolver no meu peito?
como vou erguer nossa morada?
se perco tempo...é possível?
se perco meus membros...é possível?
se durmo durante a noite...
a cidade à frente não me acolherá.
Nunca haverá uma porta. Estás dentro
ResponderExcluirE o alcácer abarca o universo
E não tem nem anverso nem reverso
Nem muro secreto nem secreto centro.
Não esperes que o rigor de teu caminho,
Que se bifurca, contumaz, em outro,
Encontre um fim. De ferro é teu destino,
Como teu juiz. Não esperes a investida
Do touro que é um homem e cuja estranha
Forma plural dá horror à maranha
De interminável pedra entretecida.
Não existe. Nada esperes. Sequer à
Negra sombra crepuscular, a fera.
vagueio por estes leitos de perdição
ResponderExcluirmas não me vejo preso, ao inverso!
me vejo tão livre de qualquer canto
que qualquer canto me faz chorar.
a negra sombra que é meu rastro
não é nada senão meu medo,
a sombra, já disse em outros escritos,
é uma flor maldita, que nos confunde.
meu destino é gelatinoso, meu juiz é irreal.
tudo que me sobra é a fresca imagem do tato
na pele lisa do corpo que quero.
minha estrada não tem portas
o universo está de fronte à terra
sobre nossa cabeça.
em tudo que me fala vejo apenas a pedra
um tumor entre meus pulmões
comum entre qualquer ser humano.
tudo espero,até então tenho,
mas muitos anos a frente
leio outra vez esta resposta,
e posso dar razão ao sigano,
um homem misterioso
que me abordou em meu caminho.